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Oriente e Ocidente: as culinárias dos dois cantos do mundo

Por Vittória Cataldo

Acho que todos nós temos nossas primeiras vezes. E um dia eu me deparo com a minha primeira vez com um doce árabe. Claro que eu já tinha ouvido falar nos famosos doces árabes e o quão deliciosos eles são.
— Toma aqui. Experimente esse doce. — Me disseram felizes.
Lembro-me que fiquei feliz pela oportunidade, mas também lembrei que sou muito chatinha para comer. “Frescurenta” é como me chamam. Peguei o doce e fiquei observando ele pelo o que pareciam horas, mas que na verdade foram rápidos instantes.
Na verdade, naquele momento, eu não sabia se queria realmente experimentá-lo. Mas também o que eu estava esperando? Um doce árabe mergulhado no chocolate? Os doces árabes não são bem assim…
Então depois de alguns dias com várias dúvidas na minha cabeça, eu conversei com José Bauru, um conhecido do pessoal da Faruk Doces Árabes que entendem bastante do assunto.
Ele me explicou que uma das grandes diferenças entre a culinária oriental e ocidental é que a comida do oriente é artesanal, com muitas etapas de preparação. “Dificilmente você prepara uma comida oriental como se prepara um arroz”, ele explica falando um pouco sobre a exigência de várias etapas na culinária.
Um exemplo disso? O charuto de folha de uvas. José me explica que para preparar o charuto você deve escolher as folhas mais novas e ternas, e que isso quase como um ritual, escolhendo nas videiras as folhas mais macias e depois elaborar o recheio e enrolar. Depois disso vem o cozimento, e essa parte não pode ser feita de imediato. Quando você pensa em fazer o charuto, deve preparar com antecedência. Isso funciona com diversos outros pratos, como Babaganuche, Homus, Kibe Cru. “Poucos pratos podem ser feitos de imediatos, um Tabule bem elaborado leva quase uma manhã toda na preparação”, ele declara.
Perguntou para ele se o paladar do ocidente precisa de uma “reconstrução” para conseguir provar e degustar a comida do oriente. “Nem tanto”, ele me diz, “a comida oriental é uma mistura de temperos, aromas e perfumes. O ocidente está se rendendo, conhecendo e se habituando cada vez mais com a comida oriental”.
Agora uma coisa que me intriga muito, porque falamos que a culinária oriental é exótica? José, de prontidão, tem a resposta: “por causa dos temperos exóticos e pelo ritual na sua preparação e na maioria das vezes ela é degustada com as mãos e sem os talheres”. Bota exótico nisso!
José também me explica que a base da culinária oriental é o trigo e azeitonas. E que os árabes têm o hábito de ter uma mesa repleta com iguarias árabes. Agora uma coisa que me intriga bastante também. Sempre achei que doce de verdade precisava ter chocolate. Então por onde anda o chocolate nos doces árabes? Porque os doces árabes são tão diferentes dos doces ocidentais?
“Os doces árabes, são quase que uma obra de arte. Como os pratos frio, os doces são artesanais e muito bem elaborados com várias etapas de fabricação, e são dificilmente feitos em casa”, José explica. São doces feitos com especiarias que não existe no ocidente, tendo que ser importados alguns ingredientes.
Os doces árabes são muito perfumados e de sabor inigualável. A base de muitos tipos de nozes, caldas perfumadas e com sêmolas especiais. Dificilmente usados doces ocidentais.
Agora se eu experimentei o doce? Fica aí uma dúvida para vocês…